Capivari

‘Terra de Poetas’ resguarda pérola das Artes Plásticas

Norival Benedito Figueiredo, ou mais conhecido como Nori Figueiredo, nasceu na cidade de São Paulo, em março de 1949. É pintor, desenhista e gravador, e teve seus primeiros contatos com as artes plásticas ainda na adolescência. “Como toda criança eu sempre desenhei. Porém, meu interesse maior começou quando percebi que eu não sabia desenhar como os outros, nunca tive talento natural, e o desafio virou paixão”, recordou Nori.
Em 1970, quando tinha apenas 21 anos, realizou algumas xilogravuras sob a orientação de Mário Zanini (um dos grandes coloristas da moderna pintura brasileira), tendo desde então trabalhado com várias técnicas gráficas, das quais escolheu a gravura em metal como seu principal meio de expressão.
Nori, que teve um belo desenvolvimento em seu ofício como Artista, revela como foi o início. “Minha primeira exposição foi em um festival de artes na escola, ainda no ginásio, hoje chamado fundamental. A primeira como profissional foi em 1972, no Centro Operacional de Artes, em São Paulo, junto com a capivariana Tarsila do Amaral”, afirmou.
A imensa necessidade de uma reflexão crítica sobre o fazer artístico e todo seu embasamento teórico, levou Nori a buscar nos estudos alguns conhecimentos específicos, onde frequentou de 1970 até 1973 a Faculdade de Filosofia da USP.
A partir de 1974, pintou murais de igrejas pelas cidades de Capivari, Itatiba e na grande São Paulo, enquanto paralelamente, participava de salões e coletivas no Brasil e exterior.
Em 1986 organizou a oficina de gravura em metal de Ymagos (Galeria de Artes que produz gravuras desde o início da década de 70), onde exerceu a função de Master Printer (Mestre da Impressão) até 1989.
Entre as exposições de Nori, destacam-se as Bienais de Liubliana e São Paulo (1989), Intergrafik (Alemanha-1990), Museu Nacional De La Estampa (México-1990), Gallery of the Brazilian-American Cultural Institute (Washington-D.C., USA-1991), Pinacoteca Estadual de São Paulo (1994), Bienal Nacional da Gravura (São José dos Campos (1994), Espaço Brasil (SP-1995), Museu Banespa (SP-1998 e 2000), Mostra Rio Gravura (RJ-1999), Itaú Cultural (SP-2000), Bienal Nacional de Gravura – Olho Latino (Piracicaba-2001), Museu Casa de Portinari (Brodowski, SP-2002), Pinacoteca Benedicto Calixto (Santos, SP-2003), Fondazione Casa America (Gênova, Itália-2004), onde também guarda em seu currículo a participação em mais de 38 exposições, nacionais e internacionais.
Radicado a partir de 1990 em Capivari e tendo em sua formação acadêmica o Mestrado em Artes, dedica-se à edição de álbuns de gravura e ao trabalho didático com arte, onde atualmente também exerce a função de diretor do Museu Municipal Cesário Motta Júnior.

Bate-papo
Jornal O Semanário – Você sofreu alguma influência dos seus familiares? Foi repreendido por escolher uma profissão não habitual?
Nori Figueiredo – Não sofri influência de familiares nem fui repreendido, mas meu pai, quando fui me casar, me presenteou com sua parte em uma pequena fábrica de calçados que ele tinha em sociedade para que eu pudesse sustentar a casa. Depois de um ano devolvi tudo disposto a viver apenas de meu trabalho na área das artes.

Semanário – Quais foram suas influências mais fortes? Existe alguma que durou até hoje ou muita coisa mudou?
Nori – Minhas primeiras influências foram os impressionistas, que eu via no MASP (Museu de Arte de São Paulo). Depois, ao optar por gravura como atividade principal, minha marca maior foi o Marcelo Grassman, que deu o tom que até hoje meu trabalho possui.

Semanário – Ouve algum tipo de música para se concentrar ou prefere o silêncio?
Nori – Normalmente fico com o silêncio, eventualmente ouço Jazz, MPB ou clássicos, também tenho a mania de ser muito organizado.

Semanário – Existem alguns lugares especiais onde você expôs ou em cada lugar é um sentimento diferenciado?
Nori – Não vejo lugares especiais, mas é claro que em Bienais internacionais, como a de São Paulo, Montevidéu (Uruguai), Intergrafik (Alemanha) e Liubliana (Eslovênia), se destacam.

Semanário – Quais são as técnicas que você utiliza? Há alguma que gosta mais?
Nori – Eu faço principalmente desenho e gravura, em suas diversas modalidades, e a gravura em metal e o desenho a conté são as técnicas que mais utilizo.

Semanário – O que você acha que falta em nossa região (Capivari, Rafard, Mombuca, Porto Feliz, Rio das Pedras, etc.) para que o movimento Artístico, envolvendo todas as vertentes, seja impulsionado e conquiste o seu espaço no mercado de trabalho?
Nori – Não saberia responder especificamente para a região. O Brasil como um todo tem um ensino de baixíssima qualidade e isso se reflete naturalmente no âmbito das artes. O que sobra é a cultura de massa proposta pelos meios de comunicação.

Semanário – Como você vê o atual cenário cultural de Capivari e Rafard?
Nori – Vejo com otimismo. Principalmente na música, que vai de erudita ao pagode e rock and roll, sem esquecer Dona Anicide Toledo e o Batuque de Umbigada.

Semanário – O desinteresse político pela cultura é um dos maiores problemas enfrentados no mundo das Artes?
Nori – Mais do que o desinteresse e a falta de subsídio dos órgãos oficiais pela cultura, é a nossa precária formação escolar que exclui as pessoas do universo cultural e obviamente do econômico também.

Semanário – A falta de incentivo não é de hoje, como você vive tendo que praticamente ser artista independente e exercer outra profissão para ter que se manter?
Nori – Eu, afora o pequeno tempo de fabricante de sapatos, sempre trabalhei em atividades no campo das artes, como arte educador, ilustrador, cenógrafo e diretor de arte em saudosos tempos na Maurício de Souza e Editora EME.

Semanário – Gostaria de dizer algo aos jovens ou até mesmo aos mais experientes que estão pensando em investir na carreira artística?
Nori – Não sou o mais qualificado para dar diretrizes ou conselhos. O que posso dizer é que se houver desejo, vale a pena investir nele. Para mim valeu.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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